quarta-feira, maio 19, 2010

Quando o “sim” não representa felizes para sempre


Lisiane Back

Rita de Cássia*, 31 anos, auxiliar de serviços gerais, casada, mãe de dois filhos. Agredida pelo marido dentro da própria casa.

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Quando Rita casou, aos 16 anos, não esperava que em pouco menos de um ano seria mais uma vítima da covardia de um homem dominado pelo uso das drogas. A vontade de desistir e o sentimento de arrependimento por ter saído da casa dos pais passava na cabeça dela as todas as vezes que era agredida pelo marido.

Rita não consegue contar quantas vezes foi atacada. “O meu maior desejo era esquecer tudo o que acontecia”, revela.

Mesmo sofrendo, Rita tinha a esperança de conseguir dar a volta por cima e mudar o roteiro dessa história. Esse foi o motivo que a fez não denunciar o companheiro. “Tinha pena dos meus filhos”, justifica.

Segundo a psicóloga Andréa Wronski, o trabalho que deve ser feito com as mulheres que sofrem agressão por parte do marido, companheiro ou outra pessoa com quem tenha um vínculo, é na parte do fortalecimento da autoestima, tentando mostrar à agredida que em nome de preservar a relação, ela não precisa manter o cenário da agressão.

No estudo da violência doméstica, isto é muito ambivalente para a mulher que é agredida, pois ao mesmo tempo em que ela quer romper o ciclo de violência, ela se torna dependente dele pela estrutura da relação em que está inserida. “Por pior que seja a relação, elas não vislumbram outra possibilidade para elas”, diz a psicóloga Andréa.

Por mais que Rita tente esquecer, existem situações que marcaram muito. “Quando eu estava com oito meses de gravidez ele me prensou atrás da porta, e eu pensei que eu ia colocar a minha filha pela boca”, relembra Rita.

Cansada de sofrer em silêncio, ela resolveu colocar um ponto final naquela história. “Peguei tudo e disse que acabou”, conta Rita. “Ele nunca tinha visto aquela cena. Quando ele “deu de si”, que eu estava indo embora, que estava acabando tudo, ele foi implorando e disse que não ia mais me bater”.

Apesar do sofrimento com as constantes brigas e agressões, ela conseguiu reverter a situação. O que Rita mais desejava era preservar o casamento.

*Nome fictício

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