Em meio às histórias de abandono, crianças ainda sonham encontrar uma nova família, acalentam isso por noites, anos a fio. Essa é a realidade de muitos que estão na Casa-Lar Irmã Carmen. Apesar do lar e do amor proporcionado, a vontade, o sonho de ter uma família são maiores.
Isabela, de 14 anos, sonhou. Acreditou que poderia ter novamente o calor que só uma família proporciona. Num dia como qualquer outro, foi surpreendida por uma mulher, que visitava a entidade com um único objetivo: levar felicidade a uma criança por um dia, sem importar a idade.
A jovem, apesar de sonhar, pouco acreditava que um dia seria adotada, chegou à casa com mais sete irmãos. Aos poucos, eles foram encontrando novos caminhos. Três com idades de cinco, sete e oito anos, foram adotados por um casal da França. Duas outras irmãs foram acolhidas por famílias de Araranguá.
Ela e mais dois irmãos de 15 e 13 anos ficaram na casa. Porém, a vida da menina estava prestes a mudar. Sem muito entender o porquê, foi a escolhida para ter um dia diferente ao lado da tal mulher. “Senti, pela primeira vez, que alguém se preocupava comigo”, lembra a jovem.
Assim, Isabela começou a traçar uma nova história para a vida dela, pois ela havia encantado a mulher de figura doce. Eva não entendia o que estava se passando, porém tinha a certeza que aquela jovem estava se tornando especial. “Tive a vontade de fazer não um dia feliz, mas proporcionar uma vida feliz”.
Depois de alguns encontros, o que começou com o objetivo de levar a felicidade para uma criança por um dia, hoje é para toda a vida. Isabela pouco fala da vida que teve, do passado complicado, em que os pais usavam drogas, eram violentos com ela e os irmãos.
Agora, a jovem tem o que sempre sonhou: uma família e uma mulher que possa chamar de mãe. “Passei um dia, um fim de semana, dois, três e depois não a deixei ir mais embora. Percebi que eu tinha que dar continuidade para a vida dela”, completa Eva.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o perfil das crianças que esperam pela adoção no Brasil é de 60% com idade entre sete e 15 anos. Segundo pesquisa realizada por Surama G. Ebrahim, da Universidade Federal da Paraíba, em 2001, 51% dos adotantes tardios adotam por se sensibilizarem com a situação de abandono das crianças.
Os nomes inclusos na matéria são fictícios.
Confira também
Violência infantil, danos ao futuro
À espera de um lar
Instituição beneficia crianças desamparadas
0 comentários:
Postar um comentário