quarta-feira, maio 26, 2010

Em busca de uma solução para a violência e as drogas

Anderson Machado

A psicóloga Jaqueline Klein Simionato já recebeu muitos pacientes que estavam envolvidos com algum tipo de violência. Para ela, o tema em debate pode ser combatido com a fé e educação.

- Independente disso a internação, no caso de um viciado, é inevitável. O paciente deve ser submetido a medicamentos, somado ao tratamento psicológico para desintoxicação-, esclarece a profissional.

No Conselho Tutelar de Araranguá, são encaminhados para clínicas de recuperação seis adolescentes por semana, o que corresponde a 90% das denúncias efetuadas no órgão.

- É dever do Estado garantir a educação, saúde e moradia para essa gente. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) tem sido visto com muito preconceito ainda por parte da sociedade, e principalmente, pelas autoridades legalmente constituídas -, observa Anastácio.

O presidente da entidade é contra baixar a maioridade penal de 18 anos para 16 anos. Também conhecida como a idade da responsabilidade criminal, a lei responsabiliza apenas aqueles jovens que tem idade acima de 18 anos. A maioridade gera polêmica porque, por exemplo, a partir dos 16 anos o adolescente já pode votar.

No Brasil, o site da RBS tem um link que fala sobre a droga mais consumida entre os dependentes. A pedra de crack pode ser encontrada por aproximadamente R$ 5. A substância da droga é uma mistura de cocaína e bicarbonato de sódio ou amônia. A forma sólida permite que seja fumada. De oito a 12 segundos ela provoca uma intensa euforia e autoconfiança.

Ainda no site, uma pesquisa revela o raio X do consumo de drogas:

- 66% dos adolescentes dependentes químicos (drogas e ácool) têm outra doença associada, como depressão ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).


- Há 4 anos, não havia nenhum usuário de crack hospitalizado no Hospital Mãe de Deus, na Capital. Hoje, eles ocupam 40% dos leitos.


- Em um ano, 52% dos meninos viciados em crack que vivem nas ruas de São Paulo entrevistados pela Unifesp morreram.

terça-feira, maio 25, 2010

Violência Infantil, danos ao futuro

Anny Caroline



Muitos têm casas, mas nem todos têm a chance de ter um lar. Uma casa se constrói com tijolos, madeira, cimento e etc. Um lar se constrói com amor e respeito.

A falta de um lar é o verdadeiro motivo pelo qual muitas crianças foram parar na Casa-Lar Irmã Carmen na cidade de Araranguá. Um lugar que além de oferecer abrigo e comida, se preocupa com o bem estar da criança e do adolescente, devolvendo a estes a dignidade que lhes foi roubada, mostrando que são especiais o suficiente para protagonizarem as suas próprias vidas.

A verdadeira razão para que estes pequenos chegassem até lá é a violência que sofreram. Esta pode ser de quatro tipos: violência física, violência psíquica ou emocional, a negligência ou abandono e o abuso sexual.

Todo maltrato infanto-juvenil que acontece dentro de casa e que é cometido geralmente por quem deveria cuidar desses pequenos indefesos é crime. Isto é indiscutível.

Uma pesquisa feita pela Universidade do Rio de Janeiro mostra que 38% dos pais admitem agredir os filhos fisicamente. O problema é que a agressão não fica só por aí. Mais tarde a criança fica transtornada e psicologicamente abalada, com sequelas irreversíveis. Com sérias dificuldades em estabelecer vínculos amistosos e conduta antissocial.

Em casos de violência, também ocorrem mudanças no rendimento escolar, excessiva submissão frente ao adulto e queixas frequentes de dores de cabeça e abdominais. Então, começa uma reação em cadeia. Os pais agressivos tornam os filhos agressivos e estes agridem os seus no futuro. Sem generalizar, é claro. Mas na maioria dos casos é assim que funciona.

É muito importante contar com uma equipe especializada de médicos, assistentes sociais e advogados para avaliar o grau de risco familiar antes que a criança volte para casa. Afinal, violência não se justifica com amor.

Veja se é possível "Acreditar em um sonho" depois que uma criança sofre maus tratos familiar.

Ensinando a dizer não

Fabíola Oliveira

Desde a adolescência, a soldado Regiane Terezinha Miranda sonhava ser policial militar. A profissão de seus irmãos mais velhos. Ela conseguiu realizar esse sonho. Há seis anos faz parte da Polícia Militar, e há cinco do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd).

Para ser policial voluntário do programa, Regiane e todos os instrutores do Proerd, passaram por uma análise de perfil e um curso de habilitação. Para lecionar, os policiais devem ter facilidade para se comunicar, criatividade, boa conduta, não ser fumantes, nem fazer uso excessivo de álcool.

No curso de habilitação, o futuro instrutor participa de 80 horas de aula com profissionais das áreas da saúde, educação e legislação. Após o curso, o policial estará apto para orientar e informar sobre as drogas, ensinar técnicas de autocontrole e resistência.

Regiane conheceu o Proerd através das sobrinhas que participaram do programa. “Sinto que estou fazendo algo importante e que beneficiará a sociedade”. É assim que ela define o trabalho que realiza em sala de aula.

A policial já orientou cerca de 3 mil crianças no município de Criciúma, onde trabalha. Segundo ela, a participação dos pequenos é ativa e surpreendente. “Alguns demonstram saber bastante sobre o assunto, outros não fazem nem ideia do que são as drogas”, compara.

Cada aluno do Proerd custa para o governo apenas R$10,00, enquanto um preso custa, em média, 150 vezes esse valor, a cada mês. Por isso, Regiane aponta a prevenção como a melhor, e mais barata, forma de diminuir o problema das drogas e da violência.

Ainda de acordo com a policial, a informação que os alunos recebem durante o curso é de extrema importância, já que eles passam a conhecer o perigo que as drogas representam.

Porém, o trabalho que a Polícia Militar realiza deve ser complementado. “É algo que deve ser abraçado por toda a sociedade, a prevenção deve vir não só da polícia, mas também da família, escola, Igreja. É algo delicado que exige dedicação de todos, façam parte do Estado ou não”, completa Regiane.

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quarta-feira, maio 19, 2010

Lei Maria da Penha: uma aliada contra a violência

Angelica Brunatto

As mulheres podem sofrer agressões tanto físicas quanto psicológicas. O ato pode vir dos maridos, companheiros, filhos ou pais, e surge dentro da própria casa. Sofrendo traumas ou não, a mulher vítima de violência doméstica tem o direito de denunciar o agressor.

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Agredir uma mulher é crime. “A mulher, historicamente, é a maior vítima de violência nos lares”, argumenta o advogado Maurício Zanotelli.




Advogado Maurício Zanotelli


E foi para compensar esse problema histórico que, em 7 de agosto de 2006, o Brasil ganhou mais uma aliada contra a violência doméstica: a lei 11.340 , conhecida como lei Maria da Penha. Ela trouxe mais segurança para aquelas que sofrem no lar.


A lei protege a mulher da violência física, psicológica, sexual e patrimonial. Quando ela é humilhada, se sente perseguida, ameaçada ou ainda chantageada, deve procurar a Delegacia da Mulher e denunciar.

“A autoridade policial vai dimensionar o caso e vai poder solicitar diretamente ao juiz todas as medidas preventivas que a lei assegura”, explica Zanotelli. Os agressores podem perder o direito de se aproximar da mulher e ainda o de ver os filhos.

Segundo pesquisa realizada em 2001, pela Fundação Perseu Abramo, uma mulher é agredida no Brasil a cada 15 segundos. Cerca de 6,8 milhões de mulheres já foram espancadas ao menos uma vez. “As drogas lícitas e ilícitas são na verdade os grandes fomentadores da violência doméstica contra a mulher”, fala Zanotelli.

Todas as mulheres estão sujeitas a serem vítimas de violência doméstica. “As mulheres das classes menos favorecidas registram mais ocorrências do que mulheres de uma classe média ou alta”, conta a delegada da Delegacia da Mulher de Tubarão, Vivian Garcia. Isso porque, segundo ela, algumas mulheres têm medo de expor a vida pessoal.

Quem denuncia o agressor não pode recuar. “A lei proíbe a retirada da queixa na Delegacia da Mulher”, diz Vivian. A desistência da denúncia só pode acontecer no Fórum, perante o juiz e o promotor de Justiça.

Combentu: um lugar de carinho e dedicação

Catarina Ko. Freitag


A Combemtu – Comissão Municipal do Bem Estar do Menor de Tubarão foi criada em agosto de 1975. Esta entidade surgiu logo após a enchente de 1974. Desde o início,a comissão tinha por finalidade auxiliar, através de projetos, crianças das famílias carentes.

Hoje, a instituição atua na educação complementar de crianças e adolescentes em situação de risco. Tem como objetivo tirar os jovens das ruas, dando a eles oportunidades. A comissão atende meninos e meninas carentes de 05 a 17 anos e 11 meses, que frequentam as escolas municipais e estaduais.

A coordenadora geral Janine C. K. de Lima enfatiza o importante papel da Combemtu na sociedade . “Nós tiramos crianças e adolescentes que estão passando por uma desestrutura familiar das ruas, e no contra-turno escolar elas vêm para cá. Assim ficam menos vulneráveis à violência”, afirma.

Atualmente, são atendidas 200 crianças e adolescentes das 8:00 às 17:30, através de diversas atividades esportivas, teatrais e musicais. Os alunos têm café da manhã, almoço e café da tarde, sendo, às vezes, as únicas refeições do dia. Os alimentos são recebidos por doações e parcerias de várias empresas da cidade.

A psicóloga da entidade, Maíra S. Camilo, expõe a situação crítica em que se encontram muitos alunos. “Eles são encaminhados dos bairros próximos, como São Martinho, Passagem e Humaitá. A maioria das crianças passa por muitas dificuldades em casa, são de famílias carentes mesmo, alguns não têm sequer banheiro em casa”, revela.

Muitos adolescentes assistidos pela instituição são encaminhados e acompanhados ao mercado de trabalho através do programa Adolescente Aprendiz. Por meio de convênios com as empresas Caixa Econômica Federal, Tractebel Energia e Giassi Supermercados, os jovens têm a oportunidade do primeiro emprego.

De acordo com a coordenadora do programa, Maria de Lurdes Souza Marcolino, os adolescentes saem da instituição rumo ao primeiro emprego. Ela explica que há dois estágios para o jovem. Na Combemtu ele tem toda a aprendizagem teórica. Já na empresa há a aprendizagem prática.

Em razão do seu trabalho desenvolvido, a Combemtu recebeu prêmios. Em 1999 o amigo da comunidade, oferecido pela RBS TV; em 2004 a medalha de honra ao mérito Vida Amábile, oferecida pela Assembléia Legislativa.

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Judô afasta crianças e adolescentes da violência

Arte como oportunidade

Para saber mais sobre a Combemtu, clique aqui. Ou entre em contato: Fone/Fax (48) 3628-0965.

Foto: Combemtu.

Instituição beneficia crianças desamparadas


Lysiê Santos

A Casa- Lar Associação Irmã Carmen está localizada no bairro Polícia Rodoviária, próximo ao centro do município de Araranguá. A casa disponibiliza abrigo provisório para a proteção da integralidade física e emocional de crianças e adolescentes.

A Casa-Lar é uma associação civil sem fins lucrativos, de caráter beneficente, educacional, cultural e de assistência social. Está articulada ao Conselho Tutelar, Juizado da Infância e Juventude, Ministério Público e parcerias de empresas para a manutenção.

Segundo o diretor da casa, João Izé da Rosa, um dos objetivos é manter e desenvolver o ensino e a educação nos vários níveis, para a formação educacional, profissional e cultural. Também promover o desenvolvimento humano e o bem estar de crianças e adolescentes, reintegrando-os, quando for o caso, em suas famílias.

O abrigo também é uma medida utilizável como forma de transição para colocação em família substituta, não implicando, porém, em privação de liberdade. Um dos motivos que levam os menores até o abrigo são o abandono físico, afetivo e moral, violência doméstica, violência estrutural (desemprego, falta de moradias), orfandade e catástrofes (enchentes, desabamentos).

Segundo a psicóloga Regina Batista, muitas crianças chegam até a casa destituídas de valores e com o emocional frustrado, pelo despreparo e negligência dos pais. O trabalho dos profissionais é tentar a reintegração familiar.

Quando a criança fica por um período prolongado na instituição, acaba perdendo os laços familiares. Contudo, a casa torna-se a única referência de família para ela, o que não deveria acontecer. “Tem crianças que estão no abrigo há mais de 10 anos. Mas não concordo com isso. Todo ser humano tem direito ao aconchego de um lar”, declara a psicóloga.

A associação desenvolve diversas atividades educacionais. Dispõe de um programa de creche em conjunto com o município de Araranguá, atendendo 80 crianças. Atividade de informática, aulas de italiano e espanhol, educação ambiental, reforço escolar, atendimento médico, odontológico e psicossocial, complemento alimentar e atividades de esporte.

Os interessados em contribuir com a Casa-Lar poderão efetuar depósito bancário no Banco do Brasil pela agência 0540-1, na conta corrente 8421-2.

Para outras informações, os interessados podem entrar em contato pelo telefone (48) 3522-1069 ou pelo site da instituição.

Arte como oportunidade

Fernando H. T. da Silva



A arte sempre foi uma das mais populares maneiras de o ser humano descrever o que sente. Mas não se trata apenas de expressar alegria ou tristeza. A arte virou opção para quem quer fugir do mundo das drogas e da violência. Isto é o que demonstra o Projeto Repercussão da Comissão Municipal do Bem Estar do Menor de Tubarão (Combemtu).

O projeto é uma abordagem diferente na relação de prevenção as drogas, utilizando a música, o teatro e a dança. O professor Léo Luciano, psicólogo social e coordenador do projeto, explica que o foco das drogas é mudado para o comportamento dos alunos. “Acreditamos que, através da arte e da música, os adolescentes encontram uma forma de manifestar seus sentimentos e, assim, não precisam recorrer às drogas para buscar e sentir determinados prazeres”, afirma o professor.

Dentro do programa são atendidos cerca de 60 jovens, entre 5 e 17 anos de idade. A maioria escolhe o instrumento por afinidade. A intenção é que, através da música, os alunos contem histórias. Nenhuma peça é pronta, tudo é elaborado pelos alunos com a ajuda do professor, baseado em fatos do dia-a-dia desses jovens. Os alunos são os atores e músicos das próprias histórias, o que torna tudo muito mais produtivo, divertido e significativo.

É com esse tipo de atividade, que, cada vez mais, meninos e meninas têm alguma opção para escapar das drogas e da violência. “Através dessas possibilidades organizadas por pessoas que trabalham para ajudar o próximo, com dedicação e carinho, que jovens em situação de risco social podem, enfim, dar uma chance para sonhos se tornarem realidade”, conta Leo Luciano.


Informações adicionais:

Interessados em realizar doações para a Combemtu, podem entrar em contato pelo numero:
(48) 3628-0965

Blog da COMBEMTU

Judô afasta crianças e adolescentes da violência

Leonardo Fraga Teixeira


O esporte aumenta a auto-estima dos jovens e ocupa o tempo ocioso com atividades físicas e o projeto esportivo da Combentu – Comissão Municipal do bem estar do menor de Tubarão tem como objetivo, mostrar o potencial de cada criança e adolescente, tirando-os de um ambiente vulnerável à violência, e oferecendo oportunidades, além de mostrar um novo jeito de ver o mundo.
A Combentu realiza diversas atividades com seus alunos, como capoeira, futebol, teatro, dança, judô, entre outras. Segundo o Coordenador geral de esportes, Jaison Tavares, “estas atividades dão valor para as crianças e fazem com que se tornem cidadãos melhores futuramente”.

Além de coordenador, Jaison é professor de judô e diz que este esporte incentiva os alunos a entrar em um meio social diferente. “Este esporte dá a oportunidade de eles poderem ter uma relação com pessoas que não são do meio deles, pois são pessoas de comunidades carentes, em situação de risco”, relata Jaison.
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O projeto de judô está levando os alunos a participar de competições fora de Tubarão. Nos próximos meses participarão da Copa de Judô – Os meninos do futuro em Balneário Camboriú e da Copa Adieu, em Florianópolis. “Estes eventos fazem com que os alunos vejam uma realidade que não é a deles e que podem se incluir na sociedade através do esporte, tendo uma visão melhor do futuro, mostrando que eles também têm condições de cursar uma faculdade e ser melhores cidadãos”, argumenta o professor.
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No começo do projeto, a Combentu ofereceu uma sala para a realização das aulas de judô. Com um tatame improvisado com raspas de pneu e lona, construído com o trabalho conjunto dos voluntários e alunos. As aulas foram iniciadas mesmo sem quimonos e hoje é um sucesso, com vários alunos com idade entre cinco e dezessete anos.
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Com a ajuda de alguns empresários, a Combentu conseguiu quarenta quimonos, mas a principal dificuldade hoje é levar os alunos para as competições, faltando uma condução adequada e o custo das inscrições.
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Lembrando que a Combentu tem como objetivo ajudar e tirar jovens das ruas, dando oportunidades. A instituição é administrada por uma diretoria voluntária, sensível à problemática social e depende da colaboração de parceiros e sócios contribuintes.

Para ajudar a Combentu à manter e melhorar cada vez mais este trabalho, entre em contato através do telefone: (48)3628-0965.

Blog da Combentu

Proerd: prevenir é melhor do que recuperar

Emile Borges


O Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) tem como base o D.A.R.E (Drug Abuse Resistance Education). Teve início no ano de 1983, na cidade de Los Angeles,nos Estados Unidos. O projeto foi criado pela professora Ruth Rich, em conjunto com o departamento de Polícia. Atualmente, o programa está presente em mais de 58 países. No Brasil,chegou no ano de 1993.

O programa é desenvolvido em escolas para os alunos do quinto ano.O instrutor é um policial militar fardado que,além da presença em sala de aula, passa uma mensagem de valorização à vida, a importância de ficarem longe das drogas. As informações transmitidas às crianças a respeito das drogas e dos tipos de abordagens a que estão sujeitas atuam como uma vacina para que, conscientizadas, possam dizer não às drogas.

“O Proerd tem como objetivo transmitir informação para as crianças e adolescentes e dar subsídio para elas resistirem a estas tentações do envolvimento com as drogas”, diz o Capitão Inácio,comandante do Proerd na cidade de Criciúma. O Proerd é um programa exclusivamente da Policia Militar, que conta com oito policiais instrutores na cidade. O corpo de instrutores Proerd é formado por policiais militares voluntários que são selecionados e submetidos a treinamento específico, organizado em um curso de 80 horas aulas.

O projeto é voluntário e gratuito tanto para as escolas como para alunos. Escolas públicas e particulares podem participar, procurando o batalhão de Poíicia Militar da cidade. Manter as crianças longe das drogas é um compromisso de todos, na busca de um futuro melhor para elas e de uma sociedade sadia e justa, ressalta o comandante Inácio.


Para saber mais sobre o programa, acesse o Portal da Polícia Militar de Santa Catarina.

Prevenir para combater



Fabrine Jeremias

Em Criciúma, existem poucos programas de prevenção às drogas. A Polícia Militar realiza um deles que faz um programa preventivo específico, o Proerd (Programa Educacional de Resistências às Drogas e a Violência), que tem como finalidade diminuir e erradicar o uso de drogas entre crianças e adolescentes.

No primeiro ano na cidade, foram formadas 4.400 crianças e, no ano de 2009, o Proerd completou 10 anos de aplicação. Desde a implantação no Estado, o Proerd formou mais de 800 mil crianças. Atestando assim a credibilidade e mostrando que iniciativas como essas fazem a diferença.

A faixa etária mais preocupante é na fase da adolescência. "Visto que é a fase onde fica mais latente a busca pelo desconhecido e quando as divergências e conflitos ficam mais arraigados no comportamento do ser humano, os jovens ficam mais expostos à procura por drogas", diz preocupado o capitão Inácio, Coordenador do Proerd em Criciúma.

Assim como outras cidades, uma das drogas mais usadas é o crack. "Em virtude de um conjunto de fatores. Primeiro pelo baixo custo para os usuários. Segundo por ter alto poder e a rapidez com que deixa o usuário dependente. Terceiro porque seu efeito alucinógeno é curto, o que faz com que se tenha que usar muito mais vezes", cita o capitão.

Hoje as drogas assolam todos os tipos de classes sociais, mas a classe que mais sofre ainda é a menos favorecida por motivos como: desestruturação familiar, dificuldade de acesso a um sistema de saúde adequado e educação de qualidade.

A verba destinada a combater as drogas vem do Estado (União, Estado e Município). Já os programas preventivos recebem verbas do Estado. "Contamos com apoios de empresas privadas através de doações, mas ainda são poucas que se engajam nesse combate", ressalta o capitão da Polícia Militar. Na opinião dele, a cidade tem condições de diminuir o número de usuários de drogas, mas para isso é necessário muito apoio de toda a sociedade e o Estado.

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Acreditar em um sonho

Laís Clemes

Em meio às histórias de abandono, crianças ainda sonham encontrar uma nova família, acalentam isso por noites, anos a fio. Essa é a realidade de muitos que estão na Casa-Lar Irmã Carmen. Apesar do lar e do amor proporcionado, a vontade, o sonho de ter uma família são maiores.

Crianças brincam na Casa-Lar Irmã Carmen enquanto esperam ser adotadas

Isabela, de 14 anos, sonhou. Acreditou que poderia ter novamente o calor que só uma família proporciona. Num dia como qualquer outro, foi surpreendida por uma mulher, que visitava a entidade com um único objetivo: levar felicidade a uma criança por um dia, sem importar a idade.

A jovem, apesar de sonhar, pouco acreditava que um dia seria adotada, chegou à casa com mais sete irmãos. Aos poucos, eles foram encontrando novos caminhos. Três com idades de cinco, sete e oito anos, foram adotados por um casal da França. Duas outras irmãs foram acolhidas por famílias de Araranguá.

Ela e mais dois irmãos de 15 e 13 anos ficaram na casa. Porém, a vida da menina estava prestes a mudar. Sem muito entender o porquê, foi a escolhida para ter um dia diferente ao lado da tal mulher. “Senti, pela primeira vez, que alguém se preocupava comigo”, lembra a jovem.

Assim, Isabela começou a traçar uma nova história para a vida dela, pois ela havia encantado a mulher de figura doce. Eva não entendia o que estava se passando, porém tinha a certeza que aquela jovem estava se tornando especial. “Tive a vontade de fazer não um dia feliz, mas proporcionar uma vida feliz”.

Depois de alguns encontros, o que começou com o objetivo de levar a felicidade para uma criança por um dia, hoje é para toda a vida. Isabela pouco fala da vida que teve, do passado complicado, em que os pais usavam drogas, eram violentos com ela e os irmãos.

Agora, a jovem tem o que sempre sonhou: uma família e uma mulher que possa chamar de mãe. “Passei um dia, um fim de semana, dois, três e depois não a deixei ir mais embora. Percebi que eu tinha que dar continuidade para a vida dela”, completa Eva.

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o perfil das crianças que esperam pela adoção no Brasil é de 60% com idade entre sete e 15 anos. Segundo pesquisa realizada por Surama G. Ebrahim, da Universidade Federal da Paraíba, em 2001, 51% dos adotantes tardios adotam por se sensibilizarem com a situação de abandono das crianças.

Os nomes inclusos na matéria são fictícios.

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À espera de um lar

Claudemir Schmitz


Pela BR-101 passam, durante a temporada de Verão, mais de 50 mil veículos diariamente. O que ninguém vê é o que acontece na Casa-Lar Irmã Carmen, entidade que fica a 100 metros da margem da rodovia, em Araranguá. Ali as vidas de três jovens se encontram.

De nomes fictícios para proteger as identidades, Fernanda, 14 anos, Guilherme (foto), 13, e Rodrigo, 15, aguardam que, um dia, um daqueles milhares de carros que voltam para casa, das divertidas férias, parem e os levem para um lar onde possam encontrar o carinho e o afeto que só uma família pode oferecer.


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Para os três adolescentes, a esperança de encontrar um lar adotivo passa, assim como os carros da BR, à medida em que a vida avança. Quanto mais velhos, menores as chances de encontrar uma família interessada em dar-lhes acolhida definitiva.

Guilherme e Rodrigo

Guilherme, 13 anos, chegou à Casa-Lar há cinco anos. Ele faz parte de uma família de sete irmãos. Todos passaram pela entidade. Hoje só restam na instituição o garoto e o irmão mais velho, Rodrigo. Ao longo dessa espera para serem adotados, eles viram a adoção dos irmãos.

Duas irmãs foram adotadas por famílias de Araranguá. Uma outra menina, que nasceu com deficiência leve, provocada pelo uso de drogas pela mãe, está com um casal de Santa Catarina. O contato com essa irmã é pouco frequente.

No final de 2008, outros três foram adotados por um casal francês. Eles tinham cinco, sete e oito anos de idade quando foram morar na Europa. Separados pela distância, Guilherme e Rodrigo mantêm contato com os irmãos, através de e-mails e telefonemas.

No entanto, nos últimos meses, a comunicação vem se tornando difícil. Os três que vivem na França estão desaprendendo o português. “Eu tenho muita vontade de aprender francês para poder voltar a falar com eles, pois sinto muita saudade”, diz Rodrigo.

Fernanda

Já Fernanda está na casa há quase dois anos. Foi levada até a instituição após denúncias de vizinhos. A mãe deixava a menina, na época com 12 anos, sozinha com as três irmãs. Uma de três, outra de quatro e uma de nove anos. O destino da mãe era festas noturnas. Quanto ao pai a garota prefere não comentar.

“Hoje eu não tenho mais vontade de voltar para a casa. O que eu quero é ser adotada”, conta Fernanda, que já viu as três irmãs ganhar novas famílias. “Eu prefiro mil vezes que elas estejam lá com uma nova família do que estar aqui e não ter a perspectiva de ter uma família”, desabafa a menina.

Um sonho que parece distante

Mesmo com esperança de ganhar um lar, Fernanda sabe que isso não vai ser fácil. Atualmente existem quatro menores na fila de adoção, na Comarca de Araranguá. Todos eles são adolescentes. Porém, para ganhar uma nova família precisam ter alguém disposto a receber não mais uma criança, mas sim um jovem.

Preferência por crianças

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 80,7% dos interessados em adotar exigem crianças com, no máximo, três anos, ao passo que só 7% das crianças cadastradas possuem essa idade. “As pessoas acham que é mais fácil moldar e educar crianças. Já um adolescente elas pensam que seria difícil adaptar ao novo lar, mas isso é puro preconceito”, considera a assistente social judiciária da Comarca de Araranguá, Jaira Gomes.


Para saber como adotar uma criança, entre no site do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

Aprender um futuro diferente

Eliana Maccari

A segunda-feira é o dia mais esperado pelas crianças do 5º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Hercílio Amante, na cidade de Criciúma. Essa expectativa gira em torno da participação da turma no Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Violência (Proerd).

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Segundo a professora do 5º ano, Maria Abel Coral, as crianças vêm de comunidades onde as drogas são conseguidas e consumidas facilmente. “Então é importante que eles saibam o quanto isso é prejudicial para a saúde deles e que isso aconteça dentro da escola, para que os ensinamentos sejam ampliados”, declara.

O aluno Luan Plácido Ghisi, de 10 anos, adora fazer parte das aulas. Mas, não basta apenas gostar, tem que aprender. É o que pensa a aluna de 9 anos, Cristina de Oliveira Rodrigues. “Aprendi muitas coisas sobre o cigarro, a maconha, que prejuízo elas podem trazer para a gente”, diz a estudante.


Alguns pais participam das lições em casa com seus filhos. “Às vezes, eu e minha mãe tiramos o livro e começamos a olhar o que fizemos na aula do Proerd. É legal porque ensina também os nossos pais a dizerem não a algumas coisas que podem ser prejudiciais a saúde”, comenta o aluno Luan.

Das 10 lições ensinadas pela instrutora, uma é sempre lembrada pela turma: a tomada de decisão. Nesta lição, o aluno Luan aprendeu como lidar com um problema e como negar a um amigo algo que possa lhe fazer mal. Para Cristina, a lição ensina a ter atitudes na hora de escolher qual o melhor caminho a seguir.

Quando pergunto se ela aceitaria alguma droga oferecida por um amigo, Cristina retruca rapidamente. “Eu não aceitaria porque as drogas causariam muitos prejuízos para mim e para todos”, responde a menina. Segundo Luan, a instrutora brinca e ensina ao mesmo tempo, contribuindo para que as lições sejam entendidas.

Conforme a professora Maria Abel Coral, depois das discussões e dos ensinamentos passados através das 10 lições do Proerd, as crianças podem, mais na frente, quando adolescentes, decidirem o que é melhor para eles. E o que todos esperam, é que eles decidam por dizer não às drogas e a violência.

Quando o “sim” não representa felizes para sempre


Lisiane Back

Rita de Cássia*, 31 anos, auxiliar de serviços gerais, casada, mãe de dois filhos. Agredida pelo marido dentro da própria casa.

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Quando Rita casou, aos 16 anos, não esperava que em pouco menos de um ano seria mais uma vítima da covardia de um homem dominado pelo uso das drogas. A vontade de desistir e o sentimento de arrependimento por ter saído da casa dos pais passava na cabeça dela as todas as vezes que era agredida pelo marido.

Rita não consegue contar quantas vezes foi atacada. “O meu maior desejo era esquecer tudo o que acontecia”, revela.

Mesmo sofrendo, Rita tinha a esperança de conseguir dar a volta por cima e mudar o roteiro dessa história. Esse foi o motivo que a fez não denunciar o companheiro. “Tinha pena dos meus filhos”, justifica.

Segundo a psicóloga Andréa Wronski, o trabalho que deve ser feito com as mulheres que sofrem agressão por parte do marido, companheiro ou outra pessoa com quem tenha um vínculo, é na parte do fortalecimento da autoestima, tentando mostrar à agredida que em nome de preservar a relação, ela não precisa manter o cenário da agressão.

No estudo da violência doméstica, isto é muito ambivalente para a mulher que é agredida, pois ao mesmo tempo em que ela quer romper o ciclo de violência, ela se torna dependente dele pela estrutura da relação em que está inserida. “Por pior que seja a relação, elas não vislumbram outra possibilidade para elas”, diz a psicóloga Andréa.

Por mais que Rita tente esquecer, existem situações que marcaram muito. “Quando eu estava com oito meses de gravidez ele me prensou atrás da porta, e eu pensei que eu ia colocar a minha filha pela boca”, relembra Rita.

Cansada de sofrer em silêncio, ela resolveu colocar um ponto final naquela história. “Peguei tudo e disse que acabou”, conta Rita. “Ele nunca tinha visto aquela cena. Quando ele “deu de si”, que eu estava indo embora, que estava acabando tudo, ele foi implorando e disse que não ia mais me bater”.

Apesar do sofrimento com as constantes brigas e agressões, ela conseguiu reverter a situação. O que Rita mais desejava era preservar o casamento.

*Nome fictício